quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Conhecendo um pouco mais do FEMEN

No artigo anterior, teci algumas críticas ao FEMEN, a falta de diretriz do movimento e algumas contradições. Mas, assim como muitos desconheciam a fundo o grupo, eu também possuía pouca informação a respeito, e cada vez que busco saber sobre as verdadeiras intenções dessas "feministas" encontro mais questões a serem debatidas.

Um outro ponto que me deparei debatendo sobre foi saber que o FEMEN é financiado por alguém/algo. Não se sabe ao certo por quem ou pelo que o movimento recebe dinheiro para fazer suas ações. Segundo algumas notícias veiculadas, uma repórter russa teria se infiltrado no grupo, aceito suas regras para iniciar no movimento (postar uma foto com os seios de fora e fazer a primeira ação também com os seios de fora - no Brasil o procedimento é parecido, mas a foto tirada tem de ir para o perfil das redes sociais da integrante). Após estar inserida no QG (pois elas se consideram soldadas), a tal repórter viu que muitas recebiam salários, e que as novas integrantes, assim como ela, tiveram hotel e outros gastos todos pagos pelo grupo.

Sinceramente, não vejo isto como um ponto crítico. Vivemos num mundo capitalista onde tudo, sim, TUDO, se movimenta com dinheiro. Vamos parar para pensar: que resultado dá esses protestos feitos por movimentos sectários e ultrapassados de esquerda contra a guerra e tudo o mais? Em nada! Aqui no Rio de Janeiro, toda vez que há esses protestos, os militantes do PSTU vão pra Rua do Lavradio encher a cara e depois partem pra boemia da Lapa. Não vivemos mais em épocas de guerrilhas armadas, pelo menos não em grandes centros urbanos. Lembro-me da época em que tentei, junto com uns amigos, formar um movimento social. Como era difícil, era uma época em que eu trabalhava como um condenado e ainda estudava na faculdade. E ainda tinha que arrumar tempo para levar ideias ao grupo, fazer as reuniões, traçar as ações, escrevermos textos pro site, incentivar pessoas para se juntar ao movimento, que era sem dúvida a parte mais difícil. Difícil porque ninguém quer nada com nada. Se na época tivéssemos quem nos bancasse um salário para que pudéssemos nos envolver 100% (que fosse ao menos 70%) do tempo para promover o movimento, seria ótimo. Esse é o grande problema do capitalismo na atualidade. Como já escrevi em um texto, que tinha sido publicado no site deste movimento em que participei, o desemprego é uma importantíssima ferramenta para a manutenção do capitalismo. Quem está empregado precisa a qualquer custo manter o seu emprego, e quem está fora precisa fazer de tudo para tentar conseguir um. Ambos estão numa intensa guerra, lutando um contra o outro, ou melhor, todos estão lutando por si, é cada um por si. Então não é fácil fazer as pessoas dedicarem seu tempo à causas que elas não enxergam como prioritárias para as suas vidas.

Outro ponto que me deparei nas discussões sobre o FEMEN foi quanto à possível ligação das meninas ao neonazismo. Procurei, procurei e procurei...contudo, nada encontrei de informação que de fato pudesse tachar o movimento com este ismo. Até mesmo chamá-lo de feminista é algo complicado. O movimento parece mais uma deturpação do marxismo, em que a mulher substituiria o homem nas relações de poder em uma revolução sangrenta.

Mas a falta de clareza e de ações que de fato levem ao favorecimento de um mundo mais justo e menos machista contribui para que as pessoas acabem ligando o FEMEN ao neonazismo. Por exemplo, só a loirinhas bonitas com seios medianos a grandes, magras e brancas. Até vi por aí na internet uma foto com uma loira um pouco acima do peso, considerado ideal para a ditadura da beleza, e com umas celulites na bunda, mas não era uma foto oficial do grupo e nem sei mesmo se ela era do FEMEN. O fato é que não se vê gordinhas nas fotos ou mulheres fora desse padrão de beleza. Mas neonazista é fora de cogitação, pois até há negras, ainda que raramente visto, nas ações do movimento, como nas fotos abaixo. O que parece é que estas meninas acabam se incorporando na ideologia machista e eugênica (que vem antes do nazismo) ao selecionarem as mulheres que farão parte desta "revolução".



O que realmente me incomoda no FEMEN é a sua falta de comprometimento com aquilo que elas alegam defender. Quais são as ações práticas que essas mulheres fazem contra a violência sexual, a exploração sexual, o estupro, o tráfico de mulheres e crianças etc? Protestam por causas menores, como o protesto do grupo (inclusive no Brasil) pela libertação do grupo de rock punk Pussy Riot, cujas integrantes foram presas por protestarem contra Vladimir Putin em uma igreja. 

Ontem três integrantes do FEMEN Brasil invadiram o shopping em que se fazia a Casa de Vidro do BBB13 (não sei explicar bem o que é isso) para fazer um protesto contra a alienação que o programa causa nas pessoas. Sinceramente, é ridículo! Será que são atos como estes que farão as pessoas pararem para refletir e chegar a conclusão: Seios nus. Não ao Big Brother. Vou ler um livro e fazer a revolução!



São questões como estas que me fazem criticar o FEMEN, não o fato de receberem algum tipo de ajuda financeira (desde, claro, que isto não comprometa a ideologia (qual?) do grupo). Assim como também não creio que haja uma luta neonazista, mas, de fato há não apenas a separação de gêneros (o que na via prática não diferencia quanto à exploração dos meios de produção e da força de trabalho) e uma elitização das mulheres dentro de uma cultura de beleza, propagada pelo próprio machismo.


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