sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Moda: eufemismo de ditadura da beleza



A beleza depende cada vez mais dos elementos materiais do que das virtudes. O ser humano cada vez mais se afasta do amor platônico e do amor cortês para ir em busca de um amor que nem ele mesmo sabe definir, se é que é possível chamar de amor esse apego pelos interesses próprios difundidos por aqueles que controlam a sociedade.

O belo não depende mais dos nossos mais íntimos desejos, tem lugar definido na ideologia dominante. A sociedade reprime aqueles que não condizem com suas expectativas, e estas, determinadas pelos donos da verdade.

Liberdade feminina? Penso se realmente é possível falar em liberdade feminina. Penso se a mulher tem o direito de se achar bonita tal como ela é. Para conseguir um emprego, para estar no foco das luzes midiáticas, para ser chamada de gostosa ou Garota de Ipanema (por que a garota de Bangu ninguém quer ver passar?). Cabelos lisos, os mais belos. Quem disse? O moicano, antes uma forma de rebeldia e visto como ridículo, hoje é moda para alguns jovens que seguem a moda de Neymar. Algumas mulheres se arriscam em inovar seu penteado, mas a boa aceitação é restrita ao meio artístico. Se numa entrevista para um trabalho duas mulheres disputam por uma vaga, sendo uma delas de cabelos lisos e outra com um corte fora do padrão de beleza, o primeiro critério a ser avaliado não é o caráter e a qualidade profissional, mas o autoritarismo social do Belo. Não é diferente num desfile, concurso ou qualquer seleção de mulheres. Aquelas que querem conseguir ser escolhida e não possuem o cabelo originalmente liso, precisam apelar para a chapinha.


Em um concurso para Miss, todas ou quase todas as mulheres se apresentam de cabelos lisos, inclusive as negras. aliás, ser negra já é um desafio no quesito beleza, para os padrões da nossa sociedade. Elas são minorias nas novelas, nos catálogos de moda, nas revistas, e raríssimas nos altos cargos das empresas.


: postagem recuperada do antigo blog obscenatorio.wordpress.com

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